12.4.12


Antes de tudo, se você acha que eu vou fazer um texto para falar mal do Ronaldinho, por favor, feche a janela do navegador, porque não farei isso. A culpa não é dele. Não para começo de conversa franca sobre o Flamengo. Assim como em 2008, com o mesmo treinador, o Flamengo é eliminado da Taça Libertadores das Américas pelo mesmo motivo: erros próprios. E vou explicar aonde quero chegar.

Após o apito final do jogo de hoje a torcida aplaudiu, parcialmente, enquanto o resultado de Assunção ainda não finalizava. Vibrou com o empate do Olimpia e chorou com a vitória do Emelec. Por final aplaudiu o time, que ainda estava ao centro do gramado, como se fosse um prêmio de consolação. Aos muitos que estavam lá como eu, o sentimento de impotência era o que imperava.

E por que isso tudo aconteceu? Aconteceu porque o Flamengo se apequenou. Desde o começo da Libertadores o time vem jogando como se fosse um time qualquer, como se apenas participar já era um prêmio. Vale lembrar que o time entrou na fase de grupos graças a Pré-Libertadores. E a torcida sempre esteve com o time, ao contrário de outras equipes com "torcedores de modinha", que lotam estádios apenas em jogos importantes mas se calam com 15 minutos de jogo.

Então de quem é a culpa? De muitos lados, mas um deles é a hipotenusa. Culpam o Ronaldinho e suas noitadas. Mas eu pergunto sempre: Ele fazia isso no Barcelona, aumentou no Milan e agora faz pior no Flamengo. E se faz, é porque deixam! E QUEM DEIXA? A administração é pífia, diria vergonhosa. Não há pulso. Não há comando. Pode parecer desculpa de perdedor... mas é, na verdade, uma imensa bola de neve que não terminou de rolar.

Tudo começou com o erro de comando e a demissão do Andrade, ainda em 2010. Depois a ascenção de um treinador inexperiente ao comando de um grupo com jogadores renomados como Adriano, Vágner Love e cia. O tiro saiu pela culatra. Eliminar o Corinthians em São Paulo foi apenas um lampejo. Veio o Zico pela porta da frente. A fraca administração da mandatária e falta de autonomia para trabalhar (graças as correntes que matam o Flamengo há anos) fizeram o time quase ser rebaixado. Saiu o Zico pelos fundos, se demitindo e com mágoa dos que ficaram. E pior acusado de participação de um esquema ATÉ HOJE NÃO PROVADO PELOS QUE ACUSAM!

Chegou 2011, Ronaldinho é anunciado a peso de ouro. Flamengo é manchete no mundo todo. Time invicto até meio ano, mas continuam os desmandos tais quais "Era Adriano" e a fraqueza de uma diretoria totalmente incapaz de ter voz ativa, refém de um ídolo. Salário astronômico, como combinado com o craque. Como diz o ditado: O combinado não sai caro. E o próprio está no seu direito, pois quem paga é porque o contratou.

E tudo isso por causa de uma eleição ao final do ano seguinte. Ou seja, o Flamengo se tornou MENOS IMPORTANTE que uma eleição. Vai passando o ano, o marketing R10 vira marca negativa e os patrocínios se vão até 2012 chegar. Junto dele, Vanderlei vai embora culpando apenas a diretoria e esquecendo os diversos erros próprios. A Traffic também abandona o barco. Mas no clube, jogadores que nem deveriam vestir a camisa, permanecem. E não falo, novamente, do melhor do mundo em 2005. O navio está indo a pique, mas os desmandos continuam a todo vapor.

Do lado contrário, vem Joel Santana e seu ultrapassado estilo de jogo. E para calar a boca da torcida e tentar esconder mais uma fracassada pré-temporada, Vágner Love. A falta de pulso e a desorganização é a mesma. Para piorar, vexames graças as trapalhadas do técnico. Não sendo suficiente, diretor brinca de professor de colégio e distribui "cartilhas".

Empate em 15 minutos. Virada em 20 e eliminação da Libertadores, de novo, no final do jogo e de forma dramática.

E a torcida aplaude. NÃO DEVE, mas aplaude. Aplaude Léo Moura, Vágner Love, Felipe e outros poucos que honram a camisa que vestem. Assim como o silêncio substitui o barulho dos aplausos, também devemos aumentar o volume da INDIGNAÇÃO. A NÃO ACEITAÇÃO de mais um total despreparo de uma diretoria que provou, em três anos, ser incapaz de comandar um clube.

Hoje o sentimento do Flamenguista não é de vergonha como em 2008, não. É de revolta. Revolta por uma sequência de erros ser uma tragédia anunciada e nada ser feito. E NÃO DEVEMOS NOS CONFORMAR OU BAIXAR A VOZ, porque a bola de neve continua rolando, podendo talvez, parar em divisões inferiores, como somente outros clubes cariocas conhecem. Flamengo não. Ainda não. Mas a diretoria atual se esforça para que isso logo seja suplantado.

O próprio ídolo do time reconehce a grandeza do clube: "Flamengo é Flamengo". Mas a diretoria acha que isso é inferior a um nome, uma marca que morreu no passado.

E refaço a pergunta: A culpa disso tudo é do Ronaldinho?