24.2.12


Eu ia escrever sobre o resultado do carnaval 2012, onde a Unidos da Tijuca foi campeã no Rio de Janeiro e a (minha) Mocidade Alegre em São Paulo, mas isso todo mundo já leu, debateu e sabe por N sites, blogs e afins.

Resolvi, após ver um vídeo da bateria da Mocidade, falar sobre algo que poucos privilegiados conseguem ter: Emoção de estar numa bateria de escola de samba.

Por incrível que pareça, o momento que mais me emociona e que eu curto num desfile, não é o desfile em si, mas os momentos que antecedem o mesmo. Quando chega a sexta-feira, principalmente a tarde, parece que até o clima muda, desce uma nuvem de alegria e ansiedade. Fico sempre na expectativa dos desfiles, até porque na noite tem as agremiações de São Paulo. Quando a primeira escola pisa na Avenida, a emoção transborda, dá um friozinho na barriga e começa a adrenalina. É como se abrisse um portal e você viajasse num espaço independente do mundo.

Mas falemos dos desfiles....

As pessoas me perguntam porque eu amo tanto o carnaval. Pois bem, se elas sentissem o mesmo que eu sinto quando estou preparando a fantasia na sacola e me arrumando em direção ao Sambódromo, entenderiam. Aquela viagem de trem entre a Estação inicial até a Central do Brasil parece eterna, onde você pensa em tudo que passou no ano, as dezenas de ensaios e noites perdidas, as diversas brigas e alegrias... tudo...

Os cerca de 300 metros entre a saída da Central até a concentração é o momento mais agoniante, carros alegóricos enfileirados, pessoas fantasias e muita gritaria. Mas não uma gritaria de bagunça, mas de gente alegre e com tanta expectativa quanto você.

Para quem não sabe, a bateria da escola de samba deve estar preparada para entrar na Avenida assim que a anterior estiver desfilando. Isso evita atrasos e é uma regra, passível até de perda de pontos. E é esse trajeto o mais emocionante de todos.

Geralmente eu vou para um canto da concentração e me visto devagar, admirando o momento, como se fosse um ritual mesmo. Quando já estou dentro da armação da escola, na parte interna da grade, olhar cada pessoa se preparando e todo mundo conversando é mais apaixonante ainda.

E soa um apito... É o diretor de bateria chamando os ritmista, que prontamente vão um a um, como numa procisão, para frente da escola. É a primeiro "coisa" de uma escola de samba a entrar na Avenida, porque precisa se arrumar no recúo.

Pouco tempo depois toca a primeira sirene, autorizando o esquenta... Aí começa o carnaval!!!!!! Os repiques fazem as chamadas, "brincando" com os demais naipes, o Setor 1 delira, o carro de som ao lado faz a "passagem de som" com cavacos, violões e microfones... É muita luz, muitos flashes, muitas câmeras... É carnaval!

12.2.12


8.2.12




Quem nunca chorou ou sorriu de felicidade ouvindo uma música?

Toda canção, além do trabalho musical, tem um ingrediente fundamental para que o músico consiga criá-la: inspiração. E ela vem de várias maneiras e de mais variados estilos, porém, entre todos, uma em comum é a principal razão de todo o acervo musical na história da música mundial: Mulheres e seus amores.

Canções com nomes delas não faltam, muito menos citações ou trechos apaixonados. Mas quem são essas musas inspiradoras? Pois hoje vamos conhecer algumas delas, famosas anônimas (ou não) que já foram cantadas por multidões e serviram de "carro-chefe" para nascerem composições que entraram para a história.

Algumas das história a maioria dos fãs conhecem, outras nem tanto. Vamos relembrar e relevar outras agora:

Sweet Child O' Mine: A música do Guns N' Roses, como próprio Axl conta, começou a ser escrita em 1983, inspirada na mulher mais importante da sua vida, a ex-esposa Eri Everlyn. A declaração de amor em forma de canção começou por acaso, quando Slash estava na sala fazendo o solo que viria a ser famoso e o vocalista do grupo deitado na cama com a então namorada Eri. Correu para o local onde estava o guitarrista, escreveu a letra e surgiu uma das mais famosas canções do rock.

"She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything was as fresh
As the bright blue sky"

Uma curiosidade, certa vez Axl quis dar a esposa todo o dinheiro que lhe pertencia dos direitos autorais (que foi MUITO), dizendo que, sem ela, não teria feito aquela música e tanta inspiração. Everlyn recusou. É ou não uma verdadeira declaração de amor?

Trem das Cores: Ao contrário do que muitos pensam, a música que Caetano Veloso fez inspirado na então namorada Sônia Braga, não foi Tigresa, mas Trem das Cores. O nome vem de uma viagem que fizeram juntos, obviamente de trem e passaram por diversos trechos citados na letra, como "as casas verde e rosas". Na canção, Caetano tentou não citá-la, mas descrevê-la. Dessa forma continuou a cantar a música até mesmo pós-namoro.

"A franja na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela"

Beatriz: Uma das mais fantásticas obras de Chico Buarque (junto com Edu Lobo) foi inspirada na ex-esposa Marieta Severo, a famosa atriz. A canção faz parte do espetáculo "O Grande Circo Místico" e tem trechos de pura declaração de amor, com a personagem da peça. Mas por que então Beatriz? Por uma simples razão, Beatriz rima com atriz e é o nome da bailarina na peça. No final da letra, um verso que foi quase um pedido de casamento e que depois veio a ser realidade:

"Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida?"

Lindo, não?

Lady Laura: Talvez seja a história mais famosa de uma canção inspirada em uma mulher. Mas ao contrário do amor entre sexos opostos, esse é de amor maternal. O Rei Roberto Carlos escreveu a música em homenagem a sua mãe, que faleceu em 2010. Escrita em 1976, num momento de solidão em um hotel de Nova York, se tornou uma das que mais fazem sucesso fora do Brasil. Sua letra triste e emocionante descreve momentos de paixão e declaração de amor ao carinho de uma mãe. Impossível ouvir sem se emocionar.

"Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem
Me afagando os cabelos
Você certamente diria
Amanhã de manhã você vai se sair muito bem
Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão"

All Star: Nando Reis morava no mesmo prédio que a Cássia Eller e sempre reparava nos seus modos e costumes. Certa vez os dois se esbarraram entre idas e vindas diárias e conversaram sobre música e composição. Mesmo sem alguma formalidade, a conversa inspirou o ex-Titãs, que um dia foi até o tal 12ª andar, onde ela morava. O resultado? Bem, todo mundo conhece.

"Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te reencontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje"



Every Breath You Take: A música do Police, cuja letra, aparentemente sobre um homem cego de paixão, mostra na realidade a tirania conjugal de Sting sobre a mulher Frances Tomelty. Ciumento e muito controlador, entre os versos, o ex-líder da famosa banda de rock tentou colocar na música todo o sentimento e, quem sabe assim, controlá-los. Entre algumas partes estão:

“A cada respiro seu
A cada passo seu
Estarei de olho em você.”

Dá medo...

Garota de Ipanema: Com certeza todos conhecem essa história, seus personagens e a fama da canção. O que poucos sabem é que, na versão original do Poetinha Vinicius de Moraes, a letra e nome eram diferentes. Chamada de "Menina", eis o esboço da obra que seria símbolo da música brasileira no exterior:

"Vinha cansado de tudo
De tantos caminhos
Tão sem poesia
Tão sem passarinhos
Com medo da vida
Com medo de amar
Quando na tarde vazia
Tão linda no espaço
Eu vi a menina
Que vinha num passo
Cheio de balanço
Caminho do mar"


Porém, Tom e Vinícius acharam que a letra não traduzia o que sentiam quando viam a Helô Pinheiro, eterna Garota de Ipanema, passar em frente ao Bar Veloso, todas as tardes, em Copacabana. Heloísa morava na rua Montenegro, número 22 e somente dois anos e meio depois, já comprometida, ficou sabendo que era a inspiração da música. Em retribuição à homenagem, Heloísa, quando se casou, convidou Tom Jobim e sua esposa Teresa para serem padrinhos.