"Quando penso em você, fecho os olhos de saudade..."
Se você tem mais de 25 anos, com certeza ouviu muitas vezes essa canção de Raimundo Fágner. A famosa "Canteiros" foi uma das músicas mais executadas e conhecidas na década de 80, após um novo sucesso do cantor. Cearense de Orós, Fágner se destacou na Música Popular Brasileira por sua musicalidade romântica, mas muito original. Um dos mais famosos representantes da cultura musical nordestina, começou a carreira com forte apelo da região, porém a sua obra mais conhecida veio de uma inspiração que demonstra toda a qualidade do cantor.
Lançada no disco "Manera, fru fru, Manera", de 1973, a música "Canteiros" teve inspiração num dos poemas mais famosos da poetisa Cecília Meireles, o "Marcha". Com influência de vários estilos, como Bossa-Nova e Tropicália, a canção hoje em dia é tratada como um clássico, mas passou por maus momentos fora das rádios. Isso porque, o início da canção é praticamente toda a quinta e sexta estrofe do poema supraticado, com pequenas alterações:
Canteiros - Fágner (e Cecília Meireles)
"Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria"
Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.
Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento."
À época, o então iniciante e desconhecido Fágner conseguiu baixa vendagem dos seus LP's e os mesmos foram retirados das lojas. Graças a um crescente sucesso de outra obra sua, a "Revelação", muitos descobriram "Canteiros" após vasculharem toda a obra musical do cearense. Já nos seus shows da década de 70, o cantor incluia Cecília Meireles como co-autora da música. Porém, mesmo com a inspiração e não total cópia dos versos da escritora, quando tomaram conhecimento da música, a família da Cecília Meireles buscou na Justiça uma solução para a gravação não autorizada dos versos.
Em depoimento judicial no ano de 1979, Raimundo Fagner admitiu, ao ser interrogado no dia pelo Juiz Jaime Boente, na 16ª Vara Criminal, que ''sem tirar a beleza dos versos, procurou fazer uma adaptação à música'', reconhecendo o uso indevido do poema. Para o bacharel, o cantor tinha violado a lei de número 5.988/73 que regula os direitos autorais e com a agravante de plágio, nos artigos 184 e 185 do Código Penal à época.
No ano de 1981 as herdeiras de Cecília conseguiram a condenação judicial das gravadoras Polygram, Polystar, Polifar, as Edições Saturno e do cantor Fágner. A multa de Cr$ 101 mil cruzeiros por violação de direitos autorais foi o valor estipulado pelo juiz. Mas somente em 1999 a novela da briga na Justiça terminou por completo, quando a gravadora Sony Music entrou em acordo com as filhas herdeiras da poetisa para a regravação da música, que ocorreu em janeiro de 2000, na cidade de Fortaleza.
Uma curiosidade ainda sobre a canção: Além do poema da Ceília Meireles, há versos de "Águas de Março", de autoria do maestro Tom Jobim ao final da "Canteiros". Porém, não houve qualquer problema quanto a essa interferência poética na música.
Se você tem mais de 25 anos, com certeza ouviu muitas vezes essa canção de Raimundo Fágner. A famosa "Canteiros" foi uma das músicas mais executadas e conhecidas na década de 80, após um novo sucesso do cantor. Cearense de Orós, Fágner se destacou na Música Popular Brasileira por sua musicalidade romântica, mas muito original. Um dos mais famosos representantes da cultura musical nordestina, começou a carreira com forte apelo da região, porém a sua obra mais conhecida veio de uma inspiração que demonstra toda a qualidade do cantor.
Lançada no disco "Manera, fru fru, Manera", de 1973, a música "Canteiros" teve inspiração num dos poemas mais famosos da poetisa Cecília Meireles, o "Marcha". Com influência de vários estilos, como Bossa-Nova e Tropicália, a canção hoje em dia é tratada como um clássico, mas passou por maus momentos fora das rádios. Isso porque, o início da canção é praticamente toda a quinta e sexta estrofe do poema supraticado, com pequenas alterações:
Canteiros - Fágner (e Cecília Meireles)
"Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria"
A Marcha - Cecília Meireles
"(...)Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.
Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento."
À época, o então iniciante e desconhecido Fágner conseguiu baixa vendagem dos seus LP's e os mesmos foram retirados das lojas. Graças a um crescente sucesso de outra obra sua, a "Revelação", muitos descobriram "Canteiros" após vasculharem toda a obra musical do cearense. Já nos seus shows da década de 70, o cantor incluia Cecília Meireles como co-autora da música. Porém, mesmo com a inspiração e não total cópia dos versos da escritora, quando tomaram conhecimento da música, a família da Cecília Meireles buscou na Justiça uma solução para a gravação não autorizada dos versos.
Em depoimento judicial no ano de 1979, Raimundo Fagner admitiu, ao ser interrogado no dia pelo Juiz Jaime Boente, na 16ª Vara Criminal, que ''sem tirar a beleza dos versos, procurou fazer uma adaptação à música'', reconhecendo o uso indevido do poema. Para o bacharel, o cantor tinha violado a lei de número 5.988/73 que regula os direitos autorais e com a agravante de plágio, nos artigos 184 e 185 do Código Penal à época.
No ano de 1981 as herdeiras de Cecília conseguiram a condenação judicial das gravadoras Polygram, Polystar, Polifar, as Edições Saturno e do cantor Fágner. A multa de Cr$ 101 mil cruzeiros por violação de direitos autorais foi o valor estipulado pelo juiz. Mas somente em 1999 a novela da briga na Justiça terminou por completo, quando a gravadora Sony Music entrou em acordo com as filhas herdeiras da poetisa para a regravação da música, que ocorreu em janeiro de 2000, na cidade de Fortaleza.
Uma curiosidade ainda sobre a canção: Além do poema da Ceília Meireles, há versos de "Águas de Março", de autoria do maestro Tom Jobim ao final da "Canteiros". Porém, não houve qualquer problema quanto a essa interferência poética na música.